Óbidos

Este final de semana estive em Óbidos. Primeira vez na cidade, família, lugares novos. Mais do que quase três dias entre rio e terra, foi uma experiência e tanto.

Subi a bordo do Barco Motor Lady Lourdes por volta do meio- dia de sábado (17). Junto comigo, meu namorado, meu irmão Michel, a namorada dele (Carol), meu cunhado e mais três pessoas. Redes atadas, tarde ensolarada e ventilada (aparentemente). As primeiras horas foram de animação. Essa é uma das vantagens de viajar em grupo, você sempre tem alguém para conversar, um mostra um vídeo, outro conta uma piada e assim o tempo vai passando.



Do lado de fora, as águas barrentas, às vezes calmas, às vezes agitadas. Jenipapos, aliás, como tem jenipapeiros a beira do Rio Amazonas! Vi casebres, de madeira nova, de tábuas antigas, de palha, pequenos, improvisados. Espantei-me com tantas antenas parabólicas; insetos tecnológicos em meio à vastidão verde, tudo para receber um bom sinal na televisão alimentada por bateria. Em todas as comunidades por onde o barco passou uma escola e uma igreja. Meninos e meninas. Alguns tão pequenos dentro de bajaras, outros solitários. Garotinhas dando tchau, sorrindo, dançando (um pequeno grupo encenou uma dancinha quando viram os olhares dos viajantes curiosos). Acenos, tchauzinhos, risos, de lá e de cá.

Árvores. Quase não vi pássaros (que pena). Um pôr-do-sol um tanto nostálgico marcou aquele final de sábado. A todo vapor! Ganhamos companhia nas últimas duas horas de percurso. Na lateral esquerda o BM Monte Cristo e o BM Carolina do Norte (aquele que tombou em um porto em Manaus). No meio do Amazonas, Brega, Forró, Léo Magalhães (será esse mesmo o nome?). Quem será que escolhe a trilha sonora que toca nos bares dos barcos? Na próxima gravo um cd, não do Chico (Buarque) porque talvez não fossem gostar, neste caso eu proponho um Jorge Aragão (vou acrescentar no meu bloco de notas para a próxima).

A noite desceu. De repente Óbidos pareceu tão longe. Tédio. Desce, anda, volta pra rede. Luzes. Fomos recepcionados por botos, (sim os cetáceos!) assim que o barco se aproximou da cidade do Carna Pauxis. Faziam graça na água barrenta. Mais 15 minutos a bordo, tivemos que descer no improviso, um longo tronco arrastado pela correnteza atrapalhou a atracação.

Fome. Nosso anfitrão, Pe. Sidney já tinha definido o roteiro. Via sms . Gostei da casa onde ficamos acolhedora, três quartos e cada um no seu quadrado. Fomos para o arraial. Cliper lotado. Quase onze da noite era pretensão demais acreditar que a galinha caipira, o pato no tucupi, o strogonoff e o filé com fritas anunciado no cardápio ainda estivesse disponível. Acabamos jantando em uma das barraquinhas montadas na praça, Filé com Fritas (sim ainda tinha). Eu voltei pra casa o restante da galera foi para a vaquejada, que pelo que soube depois já tinha terminado, só restou o show country.


A madrugada foi dos carapanãs, tive que improvisar sem o ventilador. O vento frio da madrugada acabou amenizando na hora de dormir. Dormi. Acordei com cafuné, beijinhos e carinho (morram de inveja!)e com um paparazzi na porta. O Café da manhã na casa dos Cantos foi reforçado. Agradeço a gentileza dos parentes do Padre, as tias deles preparam um banquete no domingo pela manhã, com direito a frutas, café, pão, bolo e etc. Meia hora depois partimos para o Circuito de Motocross. Não me recordo de ter assistido algum evento do tipo antes, talvez isso explique a minha reação ao ver as motocicletas voando alto. Juro que temi alguém se estabanar no chão. Pelos comentários que ouvi na arquibancada a estrutura da fazenda do Porto Cantão é uma das melhores do Oeste do Pará (tinha competidores de várias cidades do estado). E os motoqueiros voavam! Goiaba, Noronha e mais outros quinze competidores. Seletiva. Em jogo 10 mil reais (correr pode ser bem lucrativo).


Meio-dia e meia voltamos para o centro. Maniçoba, lingüiça, galeto e carne assada, baião. Preferi descansar. O restante do grupo foi para o balneário de Curuçamba. Acordei com as buzinas, as risadas e outras brincadeiras na frente da casa. Ainda em Óbidos tive a oportunidade de ver o Colégio São José, o Forte e algumas ruas. Subi e desci ladeiras (de carro). Ouvi histórias sobre o Sobral Santos, sobre o cemitério e tambem sobre o Carna Pauxis, das avenidas cheias de gente, da folia, do quanto era bom viver ali. Fui a missa. Conversei com Sant’Ana. Elogiei a cidade pra ela, agradeci por ter chegado bem e pedi proteção para o retorno noturno.
Deixamos Óbidos às 22h30. Não sem antes jantar coca-cola co bolacha de chocolate e churrasquinho de gato, comprado a R$ 1. Na hora da fome tudo é gostoso. A refeição improvisado foi por causa do tempo, alguns contratempos mudaram o trajeto do embarque (deixa pra lá).Barco lotado. Redes apertadas. Gente encolhida. Crianças. Velhos. Jovens. Casais. Enjôo. Medo. Sim confesso que a princípio não consegui relaxar mesmo sabendo que a tripulação do barco era bastante competente. Era noite e também escrevi tantas histórias sobre naufrágios, ouvi relatos e francamente, foi um tanto complicado fica tranqüila. Incrível como nessa hora nos tornamos as pessoas mais fervorosas do mundo. Moro na Amazônia, mas entre barco e avião ... Chegamos a Santarém antes das nuvens cinzas. O balé das redes. Olhares perdidos. Terra firme.

- Táxi? Táxi.

O Porto da Tiradentes é bem sombrio na madrugada. Ainda bem que fiquei pouco tempo ali. Nada como a terra firme. Hora de ir pra casa, afinal hoje é segunda-feira.

Entre uma palavra e outra ... balanço. Parece que meu corpo ainda está no ritmo da correnteza do Rio Amazonas. Têm um rio na minha cabeça. Se você não conhece Óbidos, vai a dica, vale a pena conhecer.

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