A flor de plástico

Ontem foi dia das mães. Mamãe moderna ganhou o sapato da moda escolhido por alguém que não entende nada de sandálias plataformas, mas ... gostou, será que é porque é mãe? Sem comentários. O fato é que escolher seu presente acabou me remetendo ao mesmo ato no passado.

Quando era pequena, eu e meu irmão (2 anos mais novo)
costumávamos presentear mamãe com flores de plástico. Naquela altura da vida era o que dava para comprar com o dinheiro que juntávamos do troco da mercearia e da abdicação de bombons e salgadinhos (bem difícil). Quase sempre eram rosas vermelhas compradas num armarinho há três quadras de casa. Embalando a entrega ia uma musiquinha sobre florzinhas, sementinhas e sentimento. Mamãe chorava. Era lindo.

Com o passar do tempo os mimos evoluíram, broches de cabelo, bijuterias, coisas módicas ainda acessíveis as moedinhas do cofrinho. Paralelo ao nosso esforço existia o presente grande, aquele compra
do por papai, roupas, sapatos, eletrodomésticos, sendo que os últimos descobri tempos depois serem úteis principalmente ao lar numa conjuntura de grupo e não individual (foram substituídos).

Com a vida adulta a escolha tornou-se remota. Quer ganhar o quê? Tá aqui o dinheiro escolha lá na loja, estou sem tempo. O olhar desconcertado, às vezes hesitante e “um tudo bem” desanimado. Acho que ela sente falta das flores de plástico...

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