Cantada

- Você vem sempre por aqui?

Ela sorri.

- Não adianta.

- Não adianta o quê?

- Não funciona comigo.

- O quê?

- Essa sua cantada furada.

- Cantada?

- Sim.

- Alguém já disse que você é muito bonita?

- Já!

- Esse alguém estava certo.

- E que você é a nora que mamãe pediu a Deus?

- Não pretendo casar.

- Que pena.

- Este lugar ao lado do seu está vago?

- Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí.

- Então o que você faz da vida?

- Sou lésbica.

- Isso só pode ser brincadeira.

- Eu estou falando a verdade.

- Precisa ser tão ofensiva?

- O que acha?

Ela vira para o outro lado. Ignorando-o.

- Eu te conheço de algum lugar!

- É! (pausa) Mas eu não.

- Gata não tem porque me tratar assim, estamos aqui nesse bar pelo mesmo motivo.

- É mesmo? Qual?

- Conhecer o amor das nossas vidas.

- Pode até ser, mas o meu não apareceu.

- Vai... Deixa de ser durona e me dá um beijinho.

- Pirou? Se enxerga cara? Você é acha que é quem? O Henri Castelli?

- Viu. Estamos começando a nós entender.

- Entender?

- Já está até falando do meu irmão. Daqui a pouco estamos até acertando os detalhes do casamento.

- Você pirou?

- Paiiiiiii! – Ela grita.

- Que isso, ta ficando maluca?

Um sujeito alto de mais ou menos 2 metros de altura se aproxima.

A voz de trovão.

- Você me chamou filhinha?

- Esse cara está me incomodando.

O grandalhão encara o homenzinho na sua frente.

- Você está incomodando a minha filha?

- Que isso G-r-a-n-d-ã-o. Eu só estava querendo o seu telefone.




A crônica é minha mas, as cantadas vieram
daqui

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