A 5ª Integrante (ou simplesmente a ‘menina’)

Era engraçado ver aquele quinteto, os quatro rapazes e a pequena.

Conheceram-se em grupo de jovens, de uma das maiores igrejas da cidade e logo montaram um grupinho, mesmo que sem querer.


Quem os encontrasse por aí juraria que a ‘menina’ era namorada de um dos meninos, mas não era.


Havia uma cumplicidade, proteção. Ela era uma espécie de mascote, a mulher do grupo, e acabou sendo o que tornava o quinteto diferente.


Falei que ela não era namorada de ninguém, mas sempre que aparecia algum marmanjo aproveitador na parada, um dos rapazes segurava a mão da ‘menina’ e lançava um olhar bem feio e logo o lobo-mau saia correndo com medo.


Aos sábados iam para a reunião na catedral, e depois para o rock, showzinhos que rolavam em um lugar que hoje não funciona mais (os tempos agora são outros e os jovens também).


Era meio contraditório igreja/ rock, mas ninguém teve nenhum conflito com isso. Era todo mundo ‘cabeça’.


Se ela não queria sair, alguém tinha que levá-la a parada de ônibus. Não era certo deixar a ‘menina’ andando sozinha nas ruas do centro da cidade em um sábado à noite. Era divertido quando os cinco iam esperar o buzão, quatro quietos e um fazendo palhaçada.


Quando veio a banda (de rock claro) ela estava lá em todos os ensaios, cantando, balançando a cabeça, agitando, mesmo que a mãe dela pegasse no pé, o pai dela dissesse que era estranho e que o irmão dela morresse de vontade de ir também.


Nas apresentações do grupo (dos rapazes) ela ficava na torcida. Ela também tava por ali, camiseta branca, calça jeans e all star, pulava, pulava que quando ia pra casa era como se tivesse feito umas 300 abdominais, exausta, mas feliz.


Com o tempo vieram os conflitos (mesmo nos quintetos aparentemente perfeitos, eles também surgem) não eram bichos-de-sete-cabeças, só que a juventude também tem suas guerras internas, ainda mais quando se trata de pais e filhos.


E um dia cada um ganhou o seu rumo e o quinteto ficou só como uma lembrança para essa blogueira que vós escreve.




Dedico o texto acima ao Bruno, ao Williams,

ao Juscelino e ao Dinho.

Comentários

  1. Anônimo5.12.08

    Esse sim pode se chamar de um texto da Dannie, fazia um tempo que não lia um destes por aqui, mas um pouco de história e eu chorava, derrepente vem na cabeça tantas lembranças, tempos bons esses...

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  2. Dannie, esse teu texto me fez lembrar de dois poemas do Quintana, que expressam os dois momentos vividos, (im)explícitos (passado e presente).

    E quando tudo parecia a esmo / E nesses descaminhos me perdia / Encontrei muitas vezes a mim mesmo...
    Eu temo é uma traição do instinto / Que me liberte, por acaso, um dia / Deste velho e encantado labirinto
    (Labirinto)

    Já que o labirinto deixou-se revelar, perdeu seu encanto, resta-lhe o maravilhoso espetáculo do real, do agora:

    Não desças os degraus do sonho
    Para não despertar os monstros.
    Não subas aos sótãos - onde
    Os deuses, por trás das suas máscaras,
    Ocultam o próprio enigma.
    Não desças, não subas, fica.
    O mistério está é na tua vida!
    E é um sonho louco este nosso mundo... (Degraus)

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