Diálogo de Emergência


Ontem pela manhã acabei fazendo contra vontade uma visitinha ao Hospital. Súbito mal-estar. Depois da análise prévia da médica de plantão... hora das agulhas.

Do lado direito o cara da coleta de sangue, do esquerdo a auxiliar de enfermagem com um soro e uma injeção intramuscular.

- Quem vai primeiro? – Eu pergunto.

- Melhor ela.

- Vai logo você. – A auxiliar retruca.

- Meu Deus vai ser uma luta encontrar sua veia. – Exclama ele segurando meu braço direito.

- Aplica logo a intra. – Peço.

A auxiliar me olha.

- Não tenho medo de injeção. – Esclareço. Agulhas não me assustam.

Ela sorrir.

Acho que meu organismo pressentiu que algo doloroso iria adentrar minha pele. Encolho-me.

- Não faça isso! – Pede a moça. Principalmente na hora que te furar. Não era você que não tinha medo?

- Certo. – Digo sem graça.

Termina. Não dói nada. Meu psicológico mentiu para mim. Olho para o rapaz da coleta.

- Vamos lá!

- Você está nervosa? Sua veia não esta aparecendo. – Pergunta ele.

Aponto um finíssimo fio azul no braço branco.

- Tenta essa.

A veia estoura.

Contrariando toda e qualquer possibilidade começo a chorar. Sim chorar. Choro, choro, compulsivamente. A agulha ainda na veia.

- Está doendo? Pergunta o rapaz espantado.

- Não! – Respondo em meio as lágrimas.

- Porque você está chorando então?

- Porque estou muito emotiva e sensível hoje e você errou minha veia.

- Tá sensível?

- Sim.

- Então pode chorar. Aproveita. Se perguntarem a gente diz que foi porque errei a veia. É sempre bom chorar.

Enxugo as lágrimas.

- Pronto passou. Pode continuar.

- Fica tranqüila, já acertei. Viu nem doeu.


Na verdade nesses momentos viramos crianças. Tudo o que queria era a minha mãe do meu lado. Ela apareceu meia hora depois, desesperada. O mais lindo foi a expressão de preocupação dela. Confesso que até pude ver uma lágrima rolando pelo rosto. Um máximo!Virei o bebê da mamãe.

Comentários

Postagens mais visitadas