O hospital ou a menininha da cama ao lado

Dando continuidade ao drama da blogueira doente que hoje está de molho ...

Ontem a noite acabei indo parar no hospital (contra vontade mas foi o jeito).

Dei entrada (é assim que se diz?) lá pelas 20h00, sozinha. Quando cheguei à recepção para preparar a ficha tive que lidar com o olhar fulminante do recepcionista que ao que tudo indica queria descobrir o mau que afligia a moça de cabelos desgrenhados, sandálias havaianas, camiseta e shortinho,com um olhar abatido.

Se fosse só o dele tudo bem, mas as duas senhoras que aguardavam para ser atendidas depois de mim essas sim fizeram um raio x.

Fui para a enfermaria, lá um auxiliar de enfermagem meio desastrado foi mais receptivo, sorriu ao me ver e já foi logo pegando o aparelho para medir minha pressão e um termômetro. Meio que sem jeito pediu para que levantasse a camisa e colocasse o termômetro debaixo do braço, enrolei a manga e fiz o que ele tinha me pedido, enquanto isso ele já media minha pressão no braço esquerdo.

De repente ele se volta pra mim e me pergunta se o termômetro estava ligado, ‘eu sempre esqueço’ afirmou. Dessa vez não tinha esquecido.

Feitos os primeiros procedimentos o rapaz foi chamar o médico que logo apareceu e se acomodou por trás da mesa a minha frente.

‘-Dona Dannie o que a senhora está sentindo?’

Discorri sobre o que me afligia, sobre a suspeita da pizza, sobre a queda de pressão, da dor no abdômen, etc, etc.

‘-Certo, vou passar uma medicação que a enfermeira irá ministrar agora junto com um sorinho( que fofo), e outra para você tomar em casa. Precisa de um atestado médico?’ Afirmei que sim com a cabeça. ‘Você terá dois dias para descansar’

A enfermeira me chamou e me apontou o leito onde iria ficar.

‘-Deite-se aqui’. Disse ela toda gentil (é tão bom quando encontramos profissionais assim)

‘- Preciso deitar mesmo? Não pode ser sentada? Se eu deitar vou querer dormir e estou muito enjoada. ’

‘- Precisa sim, fica mais fácil para aplicar o soro, depois você fica sentada se quiser’

Concordei e me deitei na cama.

‘-Moça coloque no braço direito é mais fácil de encontrar a veia’ (Se bem que do jeito que sou branquela a enfermeira não teve muito trabalho, era só apertar um pouquinho que dava até para contar os vasinhos azulados).

Na primeira tentativa a veia do meio do braço estourou para o desespero da enfermeira.

‘-Está tudo bem, fique tranqüila, não ta doendo, tente na mão mesmo’ disse.
Foi o que ela fez.

‘-Enfermeira diga que isso não vai demorar, eu fico muito impaciente com esse troço no meu braço, quero tirar logo’

Nessa hora aparece meu pai.

‘-Vixe, pelo jeito você só vai sair daqui lá pelas 22h00’.

‘-Não,não’ Contestou a enfermeira. ‘Em meia hora deve estar terminando, o médico mandou deixar o gotejamento aberto. É rapidinho’.

(Graças à Deus)

‘-Depois eu volto então, tchau’. Despediu-se meu pai.

Depois que a gente cresce o pai da gente não faz mais companhia no hospital, ele já te deixa sozinha.

Fiquei lá olhando o pinga-pinga do soro. Eis que surge a personagem principal deste post. Uma garotinha de mais ou menos uns dois anos no braço do pai.

‘-Olha filhinha a moça também está doente que nem você. Ela ta tomando soro’

A meninazinha não deu muita bola.

Eu estava numa maca na horizontal e a garotinha foi colocada numa maca na vertical bem próximo onde estava. Ela também iria tomar soro.

Quatro pessoas seguraram a pequenina. O pai segurou a cabeça, a tia as pernas, a mãe o braço direito e o auxiliar de enfermagem o braço esquerdo onde seria colocado o soro pela enfermeira.

Fechei os olhos para não ouvir a garotinha gritar,mas que nada ela não deu um ‘ai’.

Transferiram-na para o leito do lado do meu, apenas uma fina cortina nos separava e não tinha como não ouvir as presepadas da menininha da cama ao lado.

Primeiro a mãe tentou entretê-la com o telefone celular.

‘-Fala com a vovó, com o maninho, diz oi filhinha’.

A garotinha deu um grito.

‘-Xii, filhinha não grita, ta bom, ta bom mamãe guarda o celular’

A menininha começou a bater o pé na cama, e cantarolar alguma canção que só ela sabia. E haja a guria bater a perna na cama.

‘Raica (era o nome dela) pára de bater a perninha,filhinha’

Ela não deu ouvidos.

Só parou quando o pai voltou.

Acho que intrinsecamente a mãe ao ver o esposo de volta deve ter dito ‘ toma que a filha é sua’ e saiu da enfermaria.

‘Raica não! Não mexe aí,vai doer o bracinho. Não faz isso’- Falou o homem.

A garotinha continuou a bater as perninhas na cama, pouco se importando para os pedidos do pai.

‘Raica, quieta filhinha, pára de bater as perninhas, olha o papai aqui’ Pediu o homem tranquilamente.

‘ Filhinha pára!’

‘Raica, po#$%& pára de bater as perninhas,fica quieta você vai se machucar’

A garotinha fingiu que não era com ela.

‘-Filha de uma p$%#,pára minha filha’ exclamou o homem começando a ficar irritado.

Ela parou por alguns instantes e depois começou de novo.

A mãe retornou a enfermaria, o pai deve ter devolvido ‘ toma que a filha é sua’ e saiu.

Nesse meio tempo acabou meu soro, a enfermeira voltou, e na hora de tirar à agulha estourou à segunda veia.

Esperei alguns minutos e levantei do leito, antes de ir dei um passo atrás e vi a garotinha sorrindo inquieta na cama ao lado.

P.S:Eu estou melhor, espero que a garotinha também esteja. Esse não é o nome real da menininha, aliás nem me lembro qual era, mas pelo som era parecido.

Comentários

  1. Anônimo26.8.08

    Dan...fica boa logo...Pra neste final de semana nós irmos comer uma pizza...hehehe...brincadeira branquela...que tal uma água de coco?
    Bjss

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