O dia em que sai correndo do meio do mato

O Sairé deste ano está chegando, falta menos de um mês para a grande festa, creio que nos próximos dias ainda vou escrever muita coisa sobre o evento.


Ano passado tive a oportunidade de participar da parte religiosa e profana, numa manhã muito antes da agitação começar no Sairódromo eu acompanhei a procura dos mastros.


Fui na companhia da repórter Cissa Loyola e do cinegrafista Rafael Ferreira, saímos cedinho daqui da emissora.


Chegamos a tempo de acompanhar o início da ‘procura’ na rua lateral do lado da Igreja de Nossa Senhora da Saúde. A frente à Saraipora, acompanhada das moças da fita, o juiz, o capitão e os músicos do Espanta Cão.


Todo mundo se dirigiu para o cais de Alter-do-Chão.


O Rafa desceu primeiro para negociar com o dono de uma bajara que estava por ali. E cá entre nos se fossemos de canoa, coitado do canoeiro ter que carregar nos três e ainda aquele monte de equipamento.

Bem fotografar aquilo tudo foi um misto de trabalho, prazer e aventura.

Aventura porque quem vos escreve não sabe nadar (que mico!?) e se eu caísse na água pro fundo eu ia, (a Cissa ia junto também porque ela também não sabe, hehe)


O Rafa ia fazendo equilibrismo dentro da bajara estreita, e eu não sabia se segurava a câmera e fotografava ou se me segurava para não cair.


Chegamos em terra firme (margem direita do Rio, logo depois da Ilha do Amor) antes do barco que trazia os homens e as mulheres que iam procurar o mastro. Ao longe era possível ouvir a música e os batuques que vinham da embarcação.


Os participantes desceram e junto com eles dois recipientes grandes cheios de tarubá (será que é por isso que a galera tava animada?)

Lá fomos nós para dentro do mato.


Os dois mastros tinham sido derrubados alguns dias antes e ficaram dentro da floresta até o dia da ‘procura’ quando são levados para a vila pelos homens e as mulheres.


Segui a multidão, a essa altura do campeonato tinha me perdido dos meus companheiros. Enquanto tivesse gente na minha frente estava tudo bem. Chegamos a uma clareira.


Antes de carregar os mastros, mais tarubá.


As mulheres saíram do clarão primeiro, e os homens em seguida, o que ninguém contava era que a trilha aberta no meio da mata fosse estreita e que a turma que vinha com o mastro ia ter problemas na hora de passar pelo caminho. Nada que um facão e a equipe de apoio não pudessem resolver.


Fui ficando para trás, pra trás, eu pateta ia olhando a passagem ao redor, na esperança de ver algum passarinho, alguma flor exótica, ou ainda uma cobra, (se bem que a última não tava a fim de ver não) mas o que vi mesmo foi uns formigueiros enormes de tucandeira que tratei de passar bem longe.


Estava no meio de alguns jovens que pelo que pareciam estavam encarregados de dar apoio ao pessoal do mastro. De mão e mão uma garrafa de pinga.


De repente só vi o zum-zum. E um cara gritando na minha frente


‘- Correeeeeeeeee’


Sai desnorteada correndo sem rumo dentro do mato, pensando que fosse abelha. Logo eu que não tenho medo de nada (para não dizer o contrário).


Só fui me dar conta do que estava acontecendo quando vi o barulho vindo das minhas costas.


Um dos rapazes caiu na besteira de acender um rojão dentro do mato só que em vez de apontar a pistola pra cima ele jogou no meio do caminho, não sei se de sacanagem ou por despreparo mesmo. Quando os outros viram a besteira que o Zé Mané tinha feito saiu todo mundo correndo para não ser atingido quando o rojão explodisse e eu no meio da euforia fui atrás dos tontos pensando que era abelha.


Foi num pique que eu cheguei à beira da praia.


Quando dei por mim tava todo mundo caindo na risada da cena inusitada que tinha acabado de acontecer.


‘-Vocês espantaram a fotógrafa bonitinha. Podia ter pegado nela. Desculpa aí moça não foi à intenção. Você se machucou?’.


Respondi sorrindo sem jeito...

'- Está tudo bem.'

Comentários

  1. Anônimo22.8.08

    Ainda estou rindo dessa nosso história, acho que esse é o barato das nossas vidas repórteres, as histórias, milhares, podíamos nos reunir e escrever um livro né???
    Voltando ao sairé, sabe que estes dias tava pensando nisso, será que seremos nós duas novamente??
    Queria que fosse, já estamos "escaldadas" então, nos divertiríamos muito...
    Até a próxima
    Bjim
    Cissa

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  2. Anônimo23.8.08

    imagino como deve ter sido divertido, da pra ver que foi, afinal vc descreve de forma bem detalhada cada evento ocorrido nessa aventura e da pra ter uma noção bem exata de tudo o que aconteceu, essa é a parte da festa que mais me agrada, o lado profano e religioso, não me atrai em nada o outro lado da festa, um dia ainda pretendo ir em alter do chão e registrar tudo.

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